Primeira santa brasileira foi canonizada em 2002 pelo Papa João Paulo II
Sem conter a emoção, a vereadora Juliana Cardoso (PT) presidiu na tarde de sábado, 6 de agosto, a sessão solene que prestou homenagem póstuma a Santa Paulina.
Por iniciativa de seu mandato, a Câmara Municipal concedeu o título de cidadã paulistana a Santa Paulina, conforme Decreto Legislativo 70/2021. A láurea foi recebida pelas Irmãzinhas da Congregação Imaculada Conceição em sua sede geral no Ipiranga.
Foi nesse bairro histórico que Irmã Paulina viveu grande parte de sua vida após chegar da Itália como imigrante em 1875. A sua família incialmente se instalou em Nova Trento, Santa Catarina.
A madre é a primeira santa brasileira, canonizada em 2002 pelo Papa João Paulo II. Sua trajetória no Brasil foi totalmente dedicada a assistência dos filhos dos ex-escravos, às famílias em situação de pobreza e pessoas enfermas na cidade de São Paulo. Ela faleceu em 1942, há exatos 80 anos.
Sua frase “Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários”, serve de inspiração para o trabalho de assistência social desenvolvido pela Irmãzinhas da Congregação, que está presente em 16 estados brasileiros e 12 países.
Após as boas-vindas ao público, foi feita a leitura da biografia da Irma Paulina, cuja missão no Brasil, na região do Ipiranga, foi marcada por ações de solidariedade e contra as desigualdades sociais.
Num dos momentos mais emocionantes, o professor Márcio Romeiro e a Professora Irma Maria Neusa dos Santos, idealizadores da homenagem, evocaram a célebre passagem de Santo Agostinho: “O que será de nossas cidades se os pobres forem abandonados?”.
Os pronunciamentos dos componentes da mesa reportaram o cenário enfrentado pela Irma Paulina com o fim da escravidão no século 19, mas que não pôs fim a exclusão social do povo negro e dos pobres. Também foram alvos de críticas a situação atual com aprofundamento da miséria com a política econômica e os ataques à democracia.
Fizeram uso da palavra Irma Irene da Silva, Irma Maria Lucia da Silva, Solange Cervera Faria (Coordenadora da Pastoral da Moradia Região do Ipiranga), Maria das Graças Xavier (Coordenadora da União Nacional por Moradia Popular), ex-deputado Estadual Simão Pedro, Padre Rodrigo Vilela (Capelão da Capela Sagrada Família e Santa Paulina) e Dom Angelo Ademir Mezzari (Vigário Episcopal da Região do Ipiranga).
Em meio aos pronunciamentos, o cantor Orlando Braga interpretou algumas canções argentinas. A Irma Maria Lucia da Silva ao violão homenageou com o refrão de Santa Paulina. As crianças Giulia e Lara Rodrigues Gomes, alunas do Educandário, e a escritora e poetiza Lígia Araújo enalteceram Santa Paulina com poemas.
Em seu pronunciamento a vereadora abordou a trajetória de Irma Paulina com a luta atual das mulheres por seus direitos e por maior participação nas instâncias políticas de poder como determinantes para alcançar uma sociedade menos desigual.
“Essa homenagem, ou melhor femenagem, não é um ato administrativo. Ela tem o significado de refirmamos os valores cristãos de solidariedade e de emancipação social dos pobres para termos uma sociedade fraterna”, disse a vereadora.
Coube a Irma Rosane Lundin, Superiora Geral da Congregação das irmãzinhas da Imaculada Conceição, receber o Título de Cidadã Paulistana in memoriam das mãos da vereadora. Encerrada a cerimônia oficial, foto geral clicada, confraternização reuniu os presentes no pátio da congregação.