Há 17 anos, o dia 29 de janeiro marca a luta de mulheres transexuais, homens trans e travestis para garantir seus direitos e o respeito da sociedade.
No dia de hoje, desde 2017, a Associação Nacional de Transexuais e Travestis – Antra – divulga um dossiê sobre assassinatos e violência contra a população transexual e travesti no Brasil.
Infelizmente, o Brasil segue sendo o líder mundial em assassinatos de travestis e transexuais, posição que ocupa desde 2008. Foram 175 assassinatos ao longo do ano passado, aumento de 41% em relação a 2019, que registrou 124 mortes.
E pelo segundo ano consecutivo, o estado de São Paulo é onde mais se matou transexuais e travestis no país. Foram 29 assassinatos em 2020, um aumento de 38% em 2019, quando foram registradas 21 execuções de transexuais e travestis.
São Paulo lidera o triste ranking nacional de ser o estado em que mais se mata transexuais e travestis no Brasil. Desde o início do levantamento, em 2017, foram 80 vidas ceifadas pela intolerância e violência transfóbica, sob a omissão cúmplice do poder público do estado.
Nessa semana, duas companheiras de parlamento, Carolina Iara e Erika Hilton, sofreram atentados e ameaças às suas integridades físicas.
Silenciar ante esta realidade é intolerável! E todos nós temos responsabilidade sobre isso. Sou autora de dois projetos: o PL do Transcidadania e o PL que institui no calendário oficial da cidade o dia 15 de maio como o Dia do Orgulho de ser Travesti e Transexual.
Coloco meu mandato à disposição da luta pelos direitos das pessoas transexuais e travestis convicta de minha responsabilidade no enfrentamento à intolerância, à violência e exclusão de transexuais e travestis não é menor por ser uma mulher cisgênero.
Ao contrário, entendo que a superação desta situação atroz se dá pela compreensão de que, como parlamentar, temos um papel importante nesta luta protagonizada por sujeitas e sujeitos de direitos que não se calarão mais diante dos malfeitos.
Por esta razão, acompanhamos com bastante preocupação a luta de usuários e usuárias do serviço de hormonioterapia da UBS da Santa Cecília. Desde o ano passado, a continuidade e a qualidade do serviço prestado correm risco devido à entrega da UBS para gestão da nada ilibada IABAS. Nessa semana, a equipe responsável pelo serviço foi afastada à canetada pelo secretário depois de o mesmo se comprometer com a permanência da equipe por ao menos mais 90 dias.
Diante disso, usuários e usuárias que já organizaram dois atos, um na frente da própria SMS e outro na frente da UBS Santa Cecília, pois temem que o serviço seja prejudicado. E não é para menos, os relatos de pessoas que passaram por outros médicos da unidade são de aterrorizar.
Desrespeito e desconhecimento podem comprometer o vínculo e a continuidade da hormonização. A interrupção ou a automedicação são perigosas para a saúde dessas pessoas. E isso não é um problema menor como parecem entender o Secretário de Saúde, Edson Aparecido, e sua equipe.
Juliana Cardoso