Enquanto reluta em prorrogar o auxílio emergencial para mais de 65 milhões de brasileiros em nome da contenção de gastos, o governo Bolsonaro não mostra a mesma disposição para outras despesas e aumentou em 20% os gastos com alimentação, segundo reportagem do Portal Metrópoles.
Nesta semana, o Brasil foi surpreendido com dados colhidos no Portal da Transparência, que revelam gastos um tanto questionáveis dentre os R$ 1,8 bilhão em gêneros alimentícios e bebidas no ano passado pelo governo federal.
De acordo com a reportagem, somente com leite condensado foram pagos R$15 milhões, sendo R$14,2 milhões como gastos das forças armadas. O surpreendente é que o portal indica cada lata por R$162, enquanto em qualquer supermercado a unidade custa em média R$5.
Outros itens da fabulosa compra saltam aos olhos. Para o consumo de pizzas e refrigerantes, o governo federal gastou R$32 milhões, além de R$2 milhões em chiclete, R$1.300.000 em cravo da índia e 61 toneladas de sal, e por aí vai.
Ora, se é sabido que os funcionários dos ministérios recebem vale refeição e usam nos restaurantes terceirizados dos ministérios, como também os funcionários dos palácios, que a merenda escolar tem seus recursos enviados para os Estados, que a grande maioria das forças armadas se alimentam com o modesto rancho dos bandejões, queremos saber: para onde foi essa comilança?
A Marinha ainda pagou R$128 mil em paçocas com preço unitário de R$5,45, quando em qualquer mercearia não sai por mais de R$ 1. E ainda pagou R$533 por uma lata de creme de chantilly.
No entanto, o fato que mais chamou a atenção foi a retirada do Portal da Transparência do ar por quase um dia inteiro, logo após a matéria repercutir na mídia.
Aliás, portal criado no governo do presidente Lula para que a população possa acompanhar os gastos governamentais.
Os gastos chamaram tanto a atenção que o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União observaram que nestes gastos existem indícios de superfaturamento. O subprocurador-geral, Lucas Furtado, pediu autorização para apurar os gastos.
Já no Congresso Nacional, o PT e partidos de oposição estão colhendo assinaturas para instalar uma CPI, apelidada desde já de Leite Moça, mas que na minha opinião deveria se chamar CPI das compras superfaturadas do governo Bolsonaro.
Outro caminho que os parlamentares estão trilhando é o que pede a Procuradoria Geral da República investigação dessa gastança.
Para não ficar sem respostas, é claro que o clã Bolsonaro se manifestou. E com comentários estarrecedores.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (Filho 03) justificou nas redes sociais que o Leite Moça é necessário aos militares para repor as energias pela enorme quantidade de atividades físicas.
Já o presidente, menos educado, diga-se de passagem, chutou o pau da barraca. Sob aplausos de ministros e puxa-sacos do seu governo reagiu à compra do Leite Moça afirmando “que é para enfiar no rabo de vocês, imprensa”, rasgando palavrões e tentando desviar o foco com bravatas.
Essa história continua repercutindo, principalmente nas redes sociais. A mídia corporativa outrora tão moralista que execrou um ministro do governo Lula por ter pago uma singela tapioca com cartão corporativo não tem mostrado o mesmo ímpeto com esses gastos.
Diante dessas graves denúncias, dignas do Baile da Ilha Fiscal no estertor do Império no Brasil, uma pergunta que não quer calar:
“Mas a mamata não acabou?”
Juliana Cardoso